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AO ALCANCE DO PÔR DO SOL

3/11/2018




Aos poetas e aos artistas não me apresento. Os cerimoniais e os formalismos dos cartões de visita sucumbem nos turbilhões da arte. Arte de encontros e desencontros a preterir quaisquer apresentações.

Nesta manhã de enfeite, chuvosa, que veio a  ofuscar o sol escaldante da beirada da Ipueira, desperta as praças, becos, quebradas e as pontas de rua, num desses dias de feira, onde os meninos beiradeiros estiveram a carregar a fome em suas sacolas e resenhas de solidão n'alma.

Contornando a Ilha do Miradouro em direção à desembocadura do canal do Guaxinim os barcos singram as águas, ainda sonolentos, para romperem o marasmo tocado por Morfeu quando os caboclos pescadores semeiam e colhem as dádivas das entranhas do rio.

Na  feira multicor, personagens anônimos não se silenciam porque os seus cantos são  brados da nossa saga nordestina.

O Velho Chico, o rio sagrado, jamais se quedará na amplidão do semiárido. Será infinitamente berço, jamais túmulo, das esperanças que se renovam a cada instante.


Então, alcançando o pôr-do-sol, todos nós da urbe chique seguiremos caminhando e cantando neste vale de lágrimas, unidos de braços dados ou não.

Nilson Machado de Azevedo


1 comentários:

Zé disse...

Bela poesia!

11/3/18 13:56

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