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UM BEIJO NO SEU CORAÇÃO

9/12/2018




Não sei se os que me leem neste momento já repararam certas frases, ditos ou expressões que ganharam o Brasil nos últimos anos.

Existe coisa mais ultrapassada, brega mesmo,  do que, ao se despedir, alguém soltar a  meiga expressão “um beijo no seu coração”?  Por mais que me esforce não consigo entender a dimensão de se beijar um coração, a não ser por toracotomia, mesmo assim com fortes possibilidades de uma pericardite por contaminação de saliva. Nem o sentido figurativo como, por exemplo, um beijo no sentimento, ameniza a minha implicância.

Nessa mesma toada das despedidas, o “Tchau, Tchau”, dito dessa maneira dupla, é uma das coisas mais pernósticas e chatas de se ouvir. Talvez seja a versão tupiniquim do clássico “bye, bye”, imortalizado no dito popular dos norte-americanos e que aqui soa como mais uma de “los macaquitos” como insistem em nos achincalhar uns tais "hermanos" sulamericanos.

De matar também, é a forma com que se tratam alguns casais sob a égide de carinho explícito. Embora muito chato, o “Mô” prá lá e o “Mô” prá cá ou, ao invés de “Mô”, o freudiano “Nen” ou variantes com “Beeem”(dito assim, com muito “e”), não chegam nem perto do famoso “Pai” – o marido, e “Mãe” – a esposa e aqui na Bahia o clássico " Mainha" e  "Painho". Isso é de doer e deveria ficar, ao molde das outras, como segredo de alcova ou restrito à santa intimidade do lar, compartilhado, no máximo, com os filhos, mesmo assim sujeito à reprimendas que, grosso modo, seria equivalente a  palitar os dentes à mesa e em  público.

E o  chatíssimo “fui”? Este representa, hoje em dia, muito além do ato de ir embora. Trata-se de uma expressão de descontentamento, intolerância ou a maneira mais taxativa de expressar a palavra final.


E o “tipo assim”? Que dureza! “Eu sou daqueles, tipo assim, que escrevem crônicas, tipo assim, do cotidiano”. Pior que “tipo assim” é a utilização do “enquanto”, sozinho ou associado ao “tipo assim”. “Tipo assim: enquanto cronista eu relaxo um pouco das minhas atividades cirúrgicas. Tipo assim, um momento de relax”. É mole, meus amigos?

“A nível de” personifica o PSDB e os seus letrados seguidores. Começou com ele, “tipo assim” : “O meu governo está a nível do povo”. Ou “A nível da Casa Civil é impossível resolver esse problema”.


O “então” nem se fala. Passou a ser obrigatório para qualquer resposta seja lá qual for a pergunta. –Você já acabou a sua cirurgia? –Então. Hoje eu comecei mais cedo e já terminei. –E aí você vai para o clube? –Então, cara. Está uma bela manhã de sol. Duríssimo de ouvir, além de brega, cafona ou coisas que tais.

E, para terminar, eu me pergunto: O que o povo achou disso tudo? Então, meus amigos,  grande parte do povo achou bacana e começou a falar a nível de seus políticos prediletos, tipo Bolsonaro,  nocauteando, na condição de povo, a língua pátria, tipo assim sem nenhuma piedade.

Pelo visto esse negócio pega.  Acho bom acabar por aqui. Assim sendo, um beijo no  coração de vocês, leitores  do A Voz.

FUI!



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