Hoje,
ao amanhecer, deparei-me com um bando de pardais que raramente pousa e saltita
aqui no parque nas imediações da minha casa.
Assim
é que me lembrei de haver lido num desses antigos almanaques que os pardais já foram alvo de grande
campanha antrópica, sendo tenazmente combatidos durante a Revolução Cultural
Chinesa, porquanto, segundo a ideologia de então, cada um pardal consumia mais
de 4 quilos de grãos por ano nas plantações e se os comunistas chineses fuzilassem
um milhão desses passarinhos
capitalistas, impopulares, mesmo que não
enviassem a conta da despesa da bala
para a família dessas aves, haveria produção
de comida para 60 mil pessoas por dia, o que representaria pouca gente,
em se tratando da República Popular da China de aproximadamente 1 bilhão e 400
milhões de habitantes.
Armados de patrióticos e prosaicos estilingues ou baladeiras, os chineses foram
à luta contra os pardais, destruindo ninhos, quebrando ovos, matando os
filhotes. Na Província de Shandong, a
grande produtora de um tecido de seda chamado xantung, massacraram mais de dois
milhões de pardais.
Esqueceram-se, contudo, dos gafanhotos. Sequer lembraram-se de um pormenor crucial a informar que uma das iguarias preferidas
dos pardais, além de grãos, são exatamente os gafanhotos.
Ora
pois. Com a mortandade desenfreada dos pardais, seus predadores, os gafanhotos,
revisionistas, multiplicaram-se e de um só golpe capitalista destruíram a
produção de arroz, matando de fome cerca de 30 milhões de chineses.
Mao
Tsé-Tung, o grande líder do partido comunista, considerou os gafanhotos a arma
secreta das forças reacionárias capitalistas, acionada pelos Estados Unidos da
América. Isso no final dos anos 50 e início dos anos 60 do século XX.
Atualmente,
a nação mais antiga do mundo já não se importa com os pardais nem com gafanhotos. Vale-se da sabedoria de Confúcio, de Lao-Tsé ,
do Tai Chi Chuan e do Budismo para fazer os seus negócios incluindo,
também, os minérios da empresa brasileira Vale do Rio
Doce. O avanço na economia de mercado faz da China a segunda maior economia do
mundo, apenas superada pelos concorrentes e rivais Estados Unidos da América do
Norte.
É
nesse viés de alta de negócios da China que estou pretendendo adquirir alguns hectares de terra nas cercanias do Baixio
de Xiquexique.
Informaram-me,
em off, que o cultivo de cruilí, araticum cagão, muçambê e melão de
são caetano, quando transformados em
matéria prima, ou commodities, serão amplamente negociados nos mercados à vista
e futuro dos países orientais.
No
povoado da Boa Vista, no Baixio, ainda
não vi nenhum pardal, vi de longe , voando sobre os canais de concreto do
Projeto de Irrigação, somente casacas de couro, cabeças vermelhas e juritis,
além de um ou outro canário, passarinhos que não caçam gafanhotos.
Sabemos,
de própria experiência, que gafanhotos não faltam em Xiquexique. Eles, sem
aviso prévio, já infestaram a cidade em algum tempo não muito distante e se não
os enfrentarmos, frequentemente, com a sinfonia dos combativos pardais, eles
voltarão da forma seletiva e evolutiva,
multiplicando-se com mais força..
Nilson
Machado de Azevedo
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