Malandragens no Bolsa-Pesca em Ibotirama beneficiam políticos e pecuaristas

Pense em um absurdo que em Ibotirama há precedentes. No município baiano com 27 mil habitantes, cerca de 12% da população está registrada no Bolsa-Pesca. Um disparate. Essas pessoas recebem o Seguro Desemprego ao Pescador Artesanal, pago pelo governo federal no valor de um salário mínimo (por quatro meses ao ano). O auxílio é para pescadores na época do defeso, quando é proibida a pesca em razão da reprodução dos peixes. 

Mas, segundo denúncias, grande parte não é pescador e não mora no município. A situação absurda já tem processo tramitando na Justiça Federal para apurar a fraude. A Polícia Federal também investiga o caso.  

De 2012 até o momento o Ministério do Trabalho já repassou um total de R$ 643 milhões em Bolsa Pesca para a Bahia. Só para Ibotirama foram R$ 23,9 milhões, para pagar 3.222 pescadores registrados no programa. Investigações apontam que um vereador da cidade: Felisberto Gomes dos Santos (PMDB), o Filú, presidente da Colônia de Pesca agiliza os documentos para o registro de novos pescadores.

Segundo o jornal A Tarde, ele apoia o candidato a deputado federal José Carlos da Pesca (PRB), o Zé da Pesca, que atua na cidade e teve candidatura indeferida pelo TRE há duas semanas em função de contas reprovadas pelo Tribunal de Contas quando presidiu a Federação dos Pescadores da Bahia, entre 2008 e 2009.

O jornal esteve em Ibotirama para apurar as denúncias. Na lista dos 3.222 com RGP deferidos em Ibotirama, há, por exemplo, um candidato a vereador nas eleições de 2012: Dimas Crisostomo da Silva, o Dimas do Juá Novo. À época, ele declarou ser pecuarista e patrimônio de R$ 73 mil.

A equipe do A Tarde esteve na colônia dizendo que queria se cadastrar como pescador e receber o benefício e Filú explicou como fazer para se filiar. Mas, alertou que os registros estavam suspensos porque os já enviados ficaram "encalhados" no Ministério da Pesca.

Mais absurdo ainda é ao se falar que ninguém tinha habilidade com a pesca, Filú aconselhou a fazer amizade com pescadores e mostrar que "realmente aprendeu" o ofício. Dessa forma "não há problema nenhum para a gente solicitar", disse. Pior ainda. Questionado se o fato de morar em outra cidade seria um impeditivo, ele até disse que sim, mas deu a dica: com um comprovante de residência de outro pescador de Ibotirama poderia ser feito o registro.

Informações do jornal A TARDE