Eis que 2015 chega ao fim de um modo bem diferente daquele que foi
sonhado pela oposição. Apesar de todas as dificuldades políticas e econômicas,
a presidente Dilma Rousseff se mantém no cargo e o impeachment se tornou uma
miragem distante depois que o Supremo Tribunal Federal invalidou o rito traçado
pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Pode parecer pouco, mas é um grande feito quando se leva em conta a
intensidade da agressão que se tramou contra a democracia brasileira. De um
lado, a oposição, aliada à mídia familiar, buscou, desde a derrota nas eleições
presidenciais de 2014, um atalho para retornar ao poder. Tentou-se de tudo:
desde a recontagem das urnas até o pedido de impeachment ancorado na
extravagante tese das pedaladas fiscais, acolhido por Cunha.
Em paralelo, ao mesmo tempo em que envenenava o ambiente político com
seu terceiro turno sem fim, a oposição patrocinava as pautas-bomba no
Congresso, apostando na tese do 'quanto pior, melhor'. E isso sem falar nas
demissões provocadas no setor de engenharia pelo fator Lava Jato.
O Brasil foi rebaixado por duas agências de risco, o desemprego cresceu
fortemente, mas, apesar disso, a presidente Dilma conseguiu, no fim do ano, ver
a seu lado um batalhão de pessoas dispostas a lutar pela democracia. A seu
lado, perfilaram-se artistas, professores, juristas, sindicalistas e
intelectuais – mesmo aqueles que não estão satisfeitos com a sua gestão.
Tudo isso demonstrou que, em 2015, a democracia foi colocada como um bem
maior, a despeito de todos os seus inimigos – tanto na política como nas
franjas mais radicais da sociedade. O ano que chega ao fim foi marcado por
vários episódios de intolerância. Ex-ministros, como Guido Mantega e Alexandre
Padilha, foram agredidos em locais públicos. Chico Buarque, o maior artista
brasileiro, foi insultado por um grupo de intolerantes no Leblon, demonstrando a
que ponto a sociedade brasileira adoeceu.
No entanto, 2015 teve ainda o mérito de mostrar a natureza do golpe. Uma
articulação sinistra, que uniu derrotados nas urnas, políticos corruptos que
temem o avanço das investigações em curso e grupos fascistas que disseminam
ódio e intolerância.
Felizmente, eles não passaram, nem passarão em 2016.
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