O Clube Recreativo Sete de Setembro e a Sociedade Beneficente de Operários, concorrentes entre si, esmeravam-se na decoração momesca, ambos a disputar participação do inesquecível maestro e saxofonista Mário Rapadura, bem assim, do inconfundível Hermes que fazia do seu trombone o instrumento das marchinhas idílicas com inigualável competência, além de Pedro Cachaça, exímio baterista e do discreto Manoel Guerreiro, tocador de banjo.
O tríduo momesco espalhava-se pela cidade até a dispersão no periférico cabaré de Lourenço, ao tempo em que as graciosas cabrochas da rua do Perau desfilavam com seu estandarte de coloridas lantejoulas e paetês, recebendo merecidos aplausos do cordão dos marmanjos e dos velhos assanhados que caiam no ráli-gáli, sassaricando na esquina da rua Monsenhor Costa com a praça Dom Máximo até à avenida J.J. Seabra.
O aguadeiro Bonitinho não precisava nem usar "máscara de careta", Galo Cego, vigia do hospital, Queném, Eremita, Marciano, Dionísia e outros vultos populares das ruas, também se esbaldavam no carnaval com as suas fantasias naturais do dia-a-dia, sempre alvos de brincadeiras da indiscreta rapaziada do Momo.
Os entrudos, já em plena decadência, consistiam em jogar foliões na Ipueira, da rampa da praça Getúlio Vargas, permitido pelo rio cheio no mês de fevereiro ou março, havendo riscos de afogamentos, alguns etílicos, embora sem registros fatais, porquanto todos sabiam nadar e comer água indiscriminadamente.
Pelo sim pelo não, mudou o carnaval, mudou Xiquexique, mas não mudei eu, continuo na mesma festa, agora sacudindo o esqueleto no bloco dos Incutidos.
Nilson Machado de Azevedo
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