O Formulário Chernoviz
foi presença obrigatória nas farmácias antes da criação da farmacopeia
brasileira.
Pedro Luiz Napoleão
Chernoviz era o nome abrasileirado de Piotr Czerniewicz que nasceu em Lukov, na Polonia, em 11 de
setembro de 1812 e faleceu em Paris, em 31 de agosto de 1881.
Foi um médico, escritor e editor
científico.
Ele imigrou para Brasil
em meados do Século 19 em uma missão em nome do rei Louis-Philippe de France a pedido do
Imperador Dom Pedro II do Brasil.
O Século XX alvorecia e
meu bisavô paterno, Antonio Nunes de Azevedo, clinicava mesclando a medicina com
sua atividade farmacêutica, profissão muito evidenciada na época.
Assim, ele laborava com
afinco no estado do Piauí e pela região são franciscana, Remanso, Casa Nova, Sento Sé, até às terras margeadas
pelo rio Corrente, alcançando o povoado
de Porto Novo e a cidade de Santa Maria da Vitória no Oeste baiano.
Na epidemia da Gripe Espanhola ocorrida
em 1918 e 1919, meu bisavô salvou muita gente por esse sertão afora.
Esse bisavô que eu
gostaria de ter conhecido, em vida, consultava, não raro, o FORMULÁRIO
CHERNOVIZ.
Naqueles tempos de
Brasil agrário, subdesenvolvido e de máximas dificuldades, com raríssimos
médicos notadamente no interior da Bahia, máxime no sertão do São Francisco, é
bom dizer que meu bisavô, na condição de farmacêutico, sarava os ribeirinhos
enfermos que não eram poucos.
O Formulário Chernoviz
do meu bisavô, foi herdado por meu querido avô José Nunes de Azevedo, Juquinha,
que também receitava e que não me ofertou o precioso livro porque eu, ainda
menino, esqueci de lhe pedir.
Nos dias atuais, meu tio Aurenil, residente no Alto Cheiroso, em Juazeiro-BA, é o único detentor e legítimo possuidor desse
raro Chernoviz.
Mas o tio Aurenil, com muita razão, não
empresta, não doa e sempre desconversa quando o assunto do
Chernoviz vem à baila.
Por via de consequência, adquiri, por
uma pequena fortuna, num sebo em Curitiba no Paraná, essa 18ª edição, de 1908,
(foto) que as traças passaram ao largo, como sói não deve ter acontecido com o
Chernoviz dos meus parentes.
Tenho hoje a relíquia
da 18ª edição do Formulário Chernoviz, para meu deleite e para as minhas
pesquisas e leituras sobre os costumes e tratamento de doenças no Brasil do
Século XIX.
A título de
curiosidade, meu bisavô casou-se cinco vezes e três das suas legítimas esposas
eram irmãs.
Nilson Machado de Azevedo
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